2.5.12

Modos de leitura

a INTERPRETAÇÃO que guarda ainda a fidelidade à palavra do texto, com a finalidade de o explicar por mediação metalinguística;

 – o COMENTÁRIO que é já um exercício mais autónomo. Contém momentos de compreensão e de interpretação, ambas fiéis reprodutoras da palavra textual, o comentário solicita uma reacção pessoal, em forma de opiniões, apreciações, generalizações e ideias do leitor destinatário sobre o texto;

 a DISSERTAÇÃO entendida como forma de conhecimento participativo, como expressão livre de reflexão pessoal. Não ficando presa ao conteúdo literário, ela permite a abertura ao exercício da pura subjectividade do aluno-leitor que, assim, pode tomar o conteúdo do texto por pretexto para um jogo de ilações generalizantes;

 a ANÁLISE que exprime a atitude metodológica oposta à dissertação dirige-se ao próprio corpo do texto para descrever a sua "anatomia", a sua organização como sistema em equilíbrio (ou não). Se se admitir a legitimidade da metáfora anatómica, pode-se dizer que a análise encara o texto pelo ângulo da sua gramática e das áreas complementares, convocando para as teorias e apetrechos metodológicos que melhor respeitem a realidade e a "vontade" do texto (o desrespeito pela vontade do texto leva à dissertação, não à análise).
Ressaltam desta posição do problema algumas exigências fundamentais, como sejam,
1)- o princípio do método;
 2)- o domínio conceptual e nocional adequado à especificidade do texto;
3)- a orientação e o nível de intervenção da análise tendo em atenção as linhas de força e de significação do texto;
 4)- a circularidade do movimento, da análise que caminha do todo para as partes e, inversamente, para a síntese global (que tanto pode terminar por uma leitura unificadora, como pode deixar simplesmente aberto o campo dos sentidos se for essa a lógica do método ou da proposta do texto).


Fonte: lusofonianosapo.pt