10.12.11

Romance pioneiro da negritude: CHIQUINHO




Em 1936, Baltasar Lopes, com a colaboração de outros escritores, como Manuel Lopes, Manuel Ferreira, António Aurélio Gonçalves, Francisco José Tenreiro, Jorge Barbosa e Daniel Filipe, fundaram a revista cabo-verdiana Claridade. Claridade era uma revista de ensaios, poemas e contos. Os colaboradores de Claridade denunciavam os problemas da sua sociedade, como a seca, fome e a emigração. Baltasar Lopes, juntamente com os seus colaboradores, criou melhores condições para o conhecimento das raízes da cultura cabo-verdiana; a revista Claridade salientou o estudo da realidade cabo-verdiana, especialmente dos grupos sociais mais carenciados.
Em 1947, Baltasar Lopes publicou o seu primeiro livro, o romance Chiquinho. Chiquinho descreve os costumes, as pessoas, as paisagens, e problemas sociais e familiares que existiam em Cabo Verde na primeira metade do século XX. É um romance de aprendizagem sobre o povo cabo-verdiano e sobre o destino que muitos cabo-verdianos tiveram que tomar para conseguirem uma vida melhor, o destino da emigração. O romance é organizado em três partes:
  • 1. Infância. Nesta primeira parte do romance, o protagonista Chiquinho aprende as suas primeiras letras e convive com a sua família e comunidade na ilha de São Nicolau.
  • 2. S.Vicente. Na segunda parte do romance, Chiquinho continua os seus estudos no liceu na ilha de S.Vicente, onde inicia amizades novas e conhece o seu primeiro amor. Chiquinho e os seus colegas de escola fundam o Grémio, uma associação e um jornal que é muito parecido com Claridade, na medida em que tenta operar uma modificação social no arquipélago.
  • 3. As Águas. Na terceira e última parte do romance, Chiquinho volta para a sua ilha onde será professor. Esta parte ilustra um dos maiores problemas deste país, a seca, que resulta em muita fome e mortes em Cabo Verde. No fim do romance Chiquinho emigra para os Estados Unidos com a esperança de ter uma vida melhor.
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