27.7.12
5.6.12
Boas Férias!
Partir é crescer...
Obrigada, 12.º D |
Férias de ponto. Salas desertas. A seguir serão os exames. Pautas afixadas em linhas de expectativa. Alguns tremores, um frio fininho no estômago. Olhos marejados pela emoção da partida. Avisei sempre, porque sei na primeira pessoa. Não vos sei dizer como acontece...é experiência de primeiro voo, é perder-se na planície em dia de Verão com o vento suão troando e confundindo. O súbito tom mais alto, a pergunta incómoda e directa, o sádico olhar felino do mestre, a autoridade, a intransigência até ao limite das datas e dos dias marcados, cronometrados...
Férias de ponto. Subitamente caiu a máscara. Olhar transformante. A T. chorava e dizia, « mas a professora tem os olhos marejados.»
E agora? Tinha que ter. Tenho que deixar aqui o vosso testemunho, pois nos dias que correm só passam mensagens escuras sobre o ambiente que se vive na Escola pública portuguesa. Quem vos garante que assim é? Experimentem ler e depois digam-me se os nossos jovens não são generosos e dignos:
Obrigada, alunos de LITERATURAS DE LÍNGUA PORTUGUESA! |
Ana
4.6.12
Carlos Ribeiro - já leu?
videoconferência |
RIBEIRO, Carlos, «A cidade Revisitada», Contos de sexta-feira e duas ou três crónicas, Bahia, selo Primeira Edição, 2010
Observamos o livro que atravessou o Atlântico e pensamos em antigos baús incógnitos que, nos idos, terão feito o percurso inverso carregando velhas edições que escaparam à apertada malha inquisitória. Mergulhamos na leitura e deixamo-nos cativar pela Língua. A matéria linguística transmuda-se num discurso eivado de simbologias que a frase curta, ritmada e poética faz emergir de um tempo futuro, «naquela manhã ensolarada de Agosto do ano de 2018»[1], que regride a um passado/presente o qual possibilita retornos, ainda mais remotos, a uma memória umbrosa e original.
A personagem central, «O homem de óculos e roupas surradas»[2], persona que regressa, ocultando o seu olhar transformante, ao jeito aristotélico, mas deambulando com uma construção de nouveau roman, tal como Alain Robbe-Grillet no-la propôs, reforça-nos a maturidade literária do texto. Viajamos, num táxi rotineiro, acompanhando o olhar oculto do homem. Não saberemos o nome da personagem, mas ela nos guiará pela orografia e toponímia de Salvador e a cidade – agora perfeita, ideal e luminosa – oscila numa vertigem temporal entre a realidade e o imaginário. Uma tecitura complexa de recriação de um espaço – tempo que se instaura no universo do mito. «O homem de óculos» percorre o lugar de uma ausência. O seu mundo, moldado por parcos advérbios que abrem a clivagem subjectiva do sujeito («Sorri timidamente»[3], «surpreendentemente boas»[4]), é percorrido pelo olhar num jogo especular surpreendente. Ocorre-nos uma frase de John Berger –A vista chega antes das palavras [5]. A vista, afirma o mesmo autor e já o sabemos, «estabelece o nosso lugar no mundo que nos rodeia»[6]. A narrativa de Carlos Ribeiro testemunha-o bem.
A personagem sabe que num presente anterior ao tempo da história o caos e a descaracterização urbanística foram uma «tragédia absurda»[7]. A recordação de uma paisagem impoluta e natural feita de areias, coqueiros e mar – qual éden inicial – sacraliza o espaço. A ele se regressa num tempo de imagens diurnas, por «um túnel de bambus»[8], numa passagem ritual magnífica. A seguir, com uma recorrência ab initio, numa ironia subtil eivada de hipérbole e de pormenores que o olhar capta, enquanto deambula com sentimento de pertença e maravilha, leva-nos ao intertexto in memoriam de Vasconcelos Maia. E, a cidade brilha, cristalizada, instala-se na ficção – lugar ideal em sobreposição temporal e textual. O outro habita a linguagem, numa duplicidade que exige medo e contenção. Salvador recobrou a sua autenticidade toponímica, pois nomear é sacralizar. Como em M. Duras, as personagens desencontram-se na linguagem, estranham-se e repelem-se, «Ele não responde. O motorista liga o rádio»[9]. O homem que regressa é escritor e conhece o frágil equilíbrio dos lugares belos, «Lugares escolhidos para ali se viver, residências invisíveis que construímos para nós à margem do tempo»[10] e o vértice desses lugares culmina no farol, onde o ritual de observação do pôr-do-sol, às sextas-feiras, era momento redentor. O largo da prefeitura metamorfoseou-se, através de um processo de idealização diurna e recuo autístico, num espaço ajardinado. Incrédulo, o homem percebe que a vida regressou ao centro da cidade antiga, «ambas convivendo em perfeita harmonia, no espaço ideal da memória e da afectividade»[11].
A cidade ideal, sonhada pelos construtores fraternos e pacíficos, renasceu e recobrou a magia, numa cosmogonia que, sabemo-lo, não é do domínio da ciência, mas etérea e poética, como a escrita de Carlos Ribeiro.
Foi uma leitura de um fôlego, pura fruição do texto, foi a atracção magnética de uma prosa que nos deu uma visão da Salvador idealizada, mas mais do que isso, o Autor transferiu-nos para uma generosa expressão do homem no mundo. Concluímos, com o receio do narrador «de que tudo aquilo não passe de um sonho»[12]. Logo, o acto de ler/escrever continua a ser o pharmacon[13] para a interpretação do real aparente.
Ana Tapadas e 12.º ano D
ESPS – Junho/2011
[1] RIBEIRO, Carlos, «A cidade Revisitada», Contos de Sexta-feira e duas ou três crónicas, pág.37
[2] O.c., pág. 37
[3] Idem, ibidem
[4] Idem, ibidem
[5] BERGER, John, Modos de Ver, Edições 70, Lisboa, 1972, pág. 11
[6] Idem, ibidem
[7] RIBEIRO, Carlos, o.c., pág. 37
[8] Idem, ibidem
[9] RIBEIRO, Carlos, o.c., pág. 41
[10] YOURCENAR, Marguerite, Memórias de Adriano, Editora Ulisseia , Lisboa, s.d., pág. 269
[11] RIBEIRO, Carlos, o.c., pág. 42
[12] Idem, ibidem
3.6.12
30.5.12
29.5.12
27.5.12
Xanana Gusmão, MAR MEU ( materiais)
O mítico líder da Resistência maubere, Xanana (aliás José Alexandre Gusmão), nasceu no Verão de 1946 em Manatuto, Timor-Leste. Filho de um professor primário, foi criado no campo, juntamente com um irmão e cinco irmãs. Fez os estudos primários e parte do secundário numa missão católica, antes de partir para Díli, onde, ainda muito jovem, deu aulas na Escola Chinesa. Em Abril de 1974, começou a trabalhar na "Voz de Timor", ao mesmo tempo que aderia à FRETILIN, o que lhe valeu ocupar o posto de vice-presidente no Departamento de Informação.
Após a invasão indonésia (Dezembro de 1975), os quadros da FRETILIN foram sucessivamente dizimados. Em 1978, com a morte de Nicolau Lobato, Xanana herdou a liderança da Resistência, que urgia reorganizar. Três anos depois, teve lugar a primeira conferência nacional do movimento, que o elegeu como líder e comandante das FALINTIL (Forças Armadas para a Libertação Nacional de Timor-Leste).
Sob o comando de Xanana, a FRETILIN entabulou (em 1983) as primeiras conversações com o ocupante indonésio. Ao mesmo tempo, implementava aquilo que designou por Política de Unidade Nacional, uma estratégia que em linhas gerais pretendia incrementar os contactos com a Igreja Católica e desenvolver uma rede clandestina nas áreas urbanas e noutras regiões ocupadas.
Em virtude do sucesso desta política, Xanana criou, em 1988, o Conselho Nacional de Resistência Maubere.
Em Novembro de 1992, um ano após o massacre de Santa Cruz, Xanana foi capturado pelas forças indonésias e encarcerado em Jacarta, onde, segundo a Amnistia Internacional, passou os primeiros 17 dias de prisão incomunicável, sob custódia dos militares, que o submeteram à tortura do sono. Levado a tribunal, foi condenado a prisão perpétua, sentença mais tarde comutada para 20 anos.
Foi nestas circunstâncias, contudo, que Xanana se revelou um verdadeiro estadista. Em pleno tribunal, para surpresa dos indonésios, denunciou perante a Imprensa internacional o genocídio do povo maubere.
Atirado para a cadeia de Cipinang, Xanana continuou a elaborar a estratégia da Resistência, enquanto estudava inglês, bahasa (língua indonésia) e Direito. Durante o pouco tempo que lhe restava, pintava e escrevia poesia. Em 1994, foi publicada uma parte dos seus ensaios políticos _ "Timor-Leste, um Povo, uma Pátria".
Para o povo maubere, Xanana, mesmo na prisão, continuava a representar um símbolo da luta pela Paz, pela Justiça, pela Liberdade, sendo a verdadeira chave para uma solução política que permitisse acabar com o conflito.
A dedicação de Xanana à causa maubere despertou a atenção da Imprensa internacional, que o começou a tratar como o "Mandela de Timor".
O próprio Mandela, durante uma visita à Indonésia há dois anos, fez questão de visitar Xanana em Cipinang. Após a reunião, o presidente sul-africano considerou-o a "chave" para a resolução pacífica do conflito.
Em Abril de 1998, a Convenção Nacional da FRETILIN criou o Conselho Nacional da Resistência Timorense (CNRT), com Xanana a ser reconduzido como líder por aclamação dos delegados da Diáspora.
Um mês depois, Suharto demite-se e a campanha internacional para libertar Xanana conhece um novo fôlego. E no início de 1999, o presidente do CNRT abandona Cipinang e é colocado sob prisão domiciliária, tendo sido libertado na primeira semana de Setembro do mesmo ano para, rapidamente, procurar refúgio na Embaixada britânica em Jacarta.
Ainda em Setembro, depois de uma semana em Darwin, na Austrália, efectua uma viagem aos Estados Unidos da América e à Europa, onde foi recebido com honras de chefe de Estado.
A 23 de Outubro, já escolhido para receber o Prémio Sakharov, Xanana Gusmão regressa a Timor, onde é recebido em apoteose. E este ano, em Março, desloca-se a Portugal, Moçambique e Brasil, para contactos com os países da CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa). (in http://jn2.sapo.pt/biog/xanana/, 2000)
Em 1973, antes mesmo da Revolução dos Cravos, Xanana Gusmão já se destacava na literatura, chegando a receber o Prémio Revelação da Poesia Ultramarina. Contudo, foi a Guerra Civil Timorense, iniciada em 1975, que despertou em Gusmão a necessidade de expressar-se através da escrita. Entre 1977 e 1979, ele publicou dois livros: Pátria e Revolução (cujo título tornar-se-ia o lema da luta no país), e Guerra, Temática Fundamental do Nosso Tempo, no qual ensaia todas as características das chamadas Guerras Populares, descrevendo o papel de um líder carismático na condução de seu povo. (adaptado de Wikipédia)
Mar Meu
Mar Meu, de 1998, é uma colecção de poemas e pinturas produzidos no período de 1994 e 1996 por Xanana Gusmão, aquando da sua prisão em Cipinang.
1. Atente na capa do livro Mar Meu.
1.1. Relacione a sua apresentação com o título do livro.
1.2. Interprete a composição do título, com base na sonoridade conseguida.
2. Leia o excerto do prefácio incluído no livro Mar Meu, de Xanana Gusmão.
1.1. Relacione a sua apresentação com o título do livro.
1.2. Interprete a composição do título, com base na sonoridade conseguida.
2. Leia o excerto do prefácio incluído no livro Mar Meu, de Xanana Gusmão.
O VERSO E O UNIVERSO
Neste estilhaçar de tempo e mundo que lugar tem a solidariedade? Quanto nos pode ocupar a injustiça que ocorre distante quando, tantas vezes, fechamos os olhos àquela que tem lugar no nosso próprio lugar?
Timor parece erguer-se como prova contrária a estes sinais de decadência. Afinal, há alma para sustentar causas, erguer a voz, recusar alheamentos. Uma nação distante se reassume como nosso lar, nossa razão, nosso empenho. O sangue que se perde em Timor escorre de nossas próprias veias. As vidas que se perdem em Timor pesam sobre a nossa própria vida.
Foi assim que li os versos de Xanana. E naquelas páginas confirmei: pela mão de um homem se escreve Timor. Um livro de Xanana Gusmão não poderia ser apenas um livro. Por via da sua letra se supõe falar todo um povo, uma nação. Há ali não apenas poesia mas uma epopeia de um povo, um heroísmo que queremos partilhar, uma utopia que queremos que seja nossa. […]
Quando perguntaram a Ho Chi Minh[1] como ele, em regime prisional, tinha produzido tão belos poemas de amor, ele respondeu: “Desvalorizei as paredes”. A estratégia da poesia será, afinal, sempre essa: a de desqualificar o escuro.
Numa cela isolada, um homem escreve versos. Reclama o simples direito de ter um mar, um céu que, sem temor, embale Timor. Neste simples acto, este homem de aparência frágil desqualificou as paredes, convocou a nossa solidariedade e negou o isolamento.
De novo, o tempo se abraça ao mundo e, no espreitar do novo milénio, nos chega mais um pretexto para acreditarmos que a justiça se faz por construção nossa.
Afinal, um simples verso refaz o Universo.
Mia Couto, Maputo, 21-06-1998 (excerto)
Neste excerto reflecte-se sobre uma das formas de poder da palavra poética.
2.1. Refira a forma de poder que lhe é atribuída.
2.2. Explique, por palavras próprias, as frases dadas:
“pela mão de um homem se escreve Timor”
“este homem […] desqualificou as paredes...”
2.3. Explique a expressividade dos verbos utilizados na frase: “Reclama o simples direito de ter um mar, um céu que, sem temor, embale Timor”.
2.4. Relacione os dois últimos nomes sublinhados na frase anterior, quanto ao nível gráfico e de conteúdo.
2.5. Retire do excerto expressões relativas às atitudes de Xanana Gusmão para conseguir, através de “um simples verso”, refazer “o Universo”.
2.6. Comente a expressividade do título do excerto.
2.2. Explique, por palavras próprias, as frases dadas:
“pela mão de um homem se escreve Timor”
“este homem […] desqualificou as paredes...”
2.3. Explique a expressividade dos verbos utilizados na frase: “Reclama o simples direito de ter um mar, um céu que, sem temor, embale Timor”.
2.4. Relacione os dois últimos nomes sublinhados na frase anterior, quanto ao nível gráfico e de conteúdo.
2.5. Retire do excerto expressões relativas às atitudes de Xanana Gusmão para conseguir, através de “um simples verso”, refazer “o Universo”.
2.6. Comente a expressividade do título do excerto.
[1] Vietnamita que teve papel preponderante na guerra entre o Vietname do Norte e o do Sul (1954-75), tendo-se tornado líder espiritual do actual regime político do Vietname do Norte (estado comunista).
OH! LIBERDADE!
Se eu pudesse
pelas frias manhãs
acordar tiritando
fustigado pela ventania
que me abre a cortina do céu
e ver, do cimo dos meus montes,
o quadro roxo
de um perturbado nascer do sol
a leste de Timor
Se eu pudesse
pelos tórridos sóis
cavalgar embevecido
de encontro a mim mesmo
nas serenas planícies do capim
e sentir o cheiro de animais
bebendo das nascentes
que murmurariam no ar
lendas de Timor
Se eu pudesse
pelas tardes de calma
sentir o cansaço
da natureza sensual
espreguiçando-se no seu suor
e ouvir contar as canseiras
sob os risos
das crianças nuas e descalças
de todo o Timor
Se eu pudesse
ao entardecer das ondas
caminhar pela areia
entregue a mim mesmo
no enlevo molhado da brisa
e tocar a imensidão do mar
num sopro da alma
que permita meditar o futuro
da ilha de Timor
Se eu pudesse
ao cantar dos grilos
falar para a lua
pelas janelas da noite
e contar-lhe romances do povo
a união inviolável dos corpos
para criar filhos
e ensinar-lhes a crescer e a amar
a Pátria Timor!
Cipinang, 8-10-1995
3. A arte consegue encontrar diferentes formas de expressão para se manifestar.
3.1. Estabeleça pontos de contacto entre o quadro e o poema “Oh! Liberdade!”.
3.2. Justifique o primeiro verso das estrofes em função do título do poema.
4. O poema “Oh! Liberdade!”está construído segundo uma progressão lógica associada às fases do dia.
4.1. Evidencie essa progressão, apoiando-se em expressões textuais.
4.2. Relacione cada fase do dia com os verbos utilizados em cada uma das estrofes.
4.3. Demonstre como a progressão textual acompanha a intencionalidade do sujeito poético.
4.4. Interprete a expressividade da pontuação forte presente no poema.
4.5. Demonstre a utilização de recursos estilísticos que evidenciem funcionalidade significativa para a construção da mensagem.
3.1. Estabeleça pontos de contacto entre o quadro e o poema “Oh! Liberdade!”.
3.2. Justifique o primeiro verso das estrofes em função do título do poema.
4. O poema “Oh! Liberdade!”está construído segundo uma progressão lógica associada às fases do dia.
4.1. Evidencie essa progressão, apoiando-se em expressões textuais.
4.2. Relacione cada fase do dia com os verbos utilizados em cada uma das estrofes.
4.3. Demonstre como a progressão textual acompanha a intencionalidade do sujeito poético.
4.4. Interprete a expressividade da pontuação forte presente no poema.
4.5. Demonstre a utilização de recursos estilísticos que evidenciem funcionalidade significativa para a construção da mensagem.
5. O poema "Pátria" tornou-se um verdadeiro hino da causa timorense:
PÁTRIA
Pátria é, pois, o sol que deu o ser
Drama, poema, tempo e o espaço,
Das gerações, que passam, forte laço
E as verdades que estamos a viver.
Pátria.., é sepultura... é sofrer
De quem marca, co’a vida, um novo passo.
Ao povo — uma Pátria— é, num traço
simples… Independência até morrer!
Do trabalho o berço, paz, tormento,
Pátria é a vida, orgulho, a aliança
Da alegria, do amor, do sentimento.
Pátria… é tradições, passado e herança!
O som da bala é... Pátria, de momento!
Pátria… é do futuro a esperança!
Drama, poema, tempo e o espaço,
Das gerações, que passam, forte laço
E as verdades que estamos a viver.
Pátria.., é sepultura... é sofrer
De quem marca, co’a vida, um novo passo.
Ao povo — uma Pátria— é, num traço
simples… Independência até morrer!
Do trabalho o berço, paz, tormento,
Pátria é a vida, orgulho, a aliança
Da alegria, do amor, do sentimento.
Pátria… é tradições, passado e herança!
O som da bala é... Pátria, de momento!
Pátria… é do futuro a esperança!
5.1. Interprete o conceito de «Pátria» assumido no poema.
5.2. Explique o sentido do verso «O som da bata é... Pátria, de momento!» (v. 13)
5.3. Relacione os versos «Pátria… é sepultura... é sofrer / […] Independência até morrer! / […] Pátria… é do futuro a esperança!» (vv. 5, 8 e 14) com os acontecimentos da História de Timor Lorosae.
5.4. Exponha aos seus colegas o seu conceito de «Pátria». Discuta, então, o que é ser patriota. Sintetize os consensos alcançados.
5.2. Explique o sentido do verso «O som da bata é... Pátria, de momento!» (v. 13)
5.3. Relacione os versos «Pátria… é sepultura... é sofrer / […] Independência até morrer! / […] Pátria… é do futuro a esperança!» (vv. 5, 8 e 14) com os acontecimentos da História de Timor Lorosae.
5.4. Exponha aos seus colegas o seu conceito de «Pátria». Discuta, então, o que é ser patriota. Sintetize os consensos alcançados.
GERAÇÕES Nomes sem rosto corações esfaqueados de lembranças nas lágrimas de crianças chorando pelos pais... Mais do que a morte que os fez calar em cada gota de lágrima a cena cruel ...uma mãe que gemia sem forças seu corpo desenhava marcas da angústia esgotada Os farrapos que a cobriam Rasgados no ruído da sua própria carne sob o selvático escárnio dos soldados indonésios em cima dela, um por um Já inerte, o corpo da mulher se tornou cadáver insensível à justiça do punhal que a libertara da vida enquanto... golpes de coronhadas se repercutiam nas gotas de lágrimas que iam caindo da mesma face das crianças | Um pai se ofendera no último não da sua vida a mulher violada assassinada sob os seus olhos O cheiro da pólvora vinha de muitos furos daquele corpo que já não era corpo estendido sem forma de morte e... As lágrimas secaram nas lembranças das crianças veio o suor da luta porque as crianças cresceram Quando os jovens seios estremecem sob o choque eléctrico e as vaginas queimadas com pontas de cigarro quando testículos de jovens estremecem sob o choque eléctrico e os seus corpos rasgados com lâminas eles lembram-se, eles lembram-se sempre: A luta continuará sem tréguas! |
AVÔ CROCODILO Diz a lenda
e eu acredito!
O sol na pontinha do mar
abriu os olhos
e espraiou os seus raios
e traçou uma rota
Do fundo do mar
um crocodilo pensou buscar o seu destino
e veio por aquele rasgo de luz
Cansado, deixou-se estirar
no tempo
e suas crostas se transformaram
em cadeias de montanhas
onde as pessoas nasceram
e onde as pessoas morreram
Avô crocodilo
– diz a lenda
e eu acredito!
é Timor!
http://lusofonia.com.sapo.pt
TÓPICOS DE ESTUDO
Guerra e perda/recuperação;
pátria e destino,
ânsia e tempo de espera;
contradição: ansiedade e crença, mar - céu-
liberdade, futuro e redenção, razão, justiça
liberdade, futuro e redenção, razão, justiça
23.5.12
Timor-Leste: onde fica?
http://paginaglobal.blogspot.com/2011/05/timor-leste-exposicao-de-fotografia-e.html |
A ilha de Timor situa-se entre o sudoeste asiático e o Pacífico sul, a cerca de 500 km da Austrália, e é uma das ilhas mais orientais do arquipélago indonésio. Está dividida em Timor-Oeste (a parte legítima da Indonésia) e Timor-Leste, ocupado desde 1975 pelo regime vizinho. O território em si tem a área de 18.899 km2, sendo constituído pelo enclave de Oe-Cusse (na costa norte de parte ocidental), pela ilha de Ataúro (a 23 km de Díli), o ilhéu de Jaco (separado por canal da ponta leste) e a metade oriental da ilha de Timor.
Numa zona de encontro de culturas, em Timor-Leste cruzam-se a cultura melanésia (do Pacífico sul), a malaio-polinésia (do sudoeste asiático) e a católica latina (da Europa, nomeadamente, de Portugal). José Ramos-Horta confirma esta diversidade dizendo: «Ainda somos orgulhosos súbditos da Pátria Lusa, apesar de que a maioria de nós, melanésios, não passa despercebido nas ruas lisboetas. (Eu lá me vou safando graças a um pai originário da Figueira da Foz.)». No que diz respeito aos recursos naturais, Timor-Leste tem uma agricultura rica, se bem explorada, e tem também importantes reservas petrolíferas (em parte responsáveis pela cobiça indonésia e pela indiferença dos vários países com interesses na região).
Historicamente, o território foi uma colónia portuguesa desde o século XVI; esteve ocupado pelo Japão durante três anos, na altura da 2ª Grande Guerra Mundial e foi palco de uma cruel invasão indonésia em Dezembro de 1975. Timor-Leste não tem uma história fácil, mas de quem guarda melhores recordações, apesar de tudo, é de Portugal: «(...) de uma maneira geral, direi sem hesitação que Timor-Leste ficou a dever quase tudo, o pouco que teve de riqueza intelectual, espiritual, moral e religiosa, aos missionários que se enraizaram naquela ilha bastarda. O Estado pouco fez ao longo de séculos. Sem o papel da Igreja, que ergueu as belas escolas de Saibada, Maliana, Ossu e o seminário de Dare, Timor-Leste teria sido muito pobre.» (Ramos-Horta).
Para saber mais:[ CITI ]
21.5.12
20.5.12
Lição n.º 85
Noção de oratura.
Leitura e interpretação de alguns contos de São Tomé e Príncipe.Síntese do estudo.
*****
CONTOS TRADICIONAIS DE SÃO TOMÉ - corpus
A lenda de Canta Galo
Diz a lenda, que já lá vão muitos e muitos anos, outrora S. Tomé era o refúgio de todos os galos do mundo.
Viam-se galos por todas as partes da Ilha. Era ensurdecedor o cocorococó dos galos.
A Ilha parecia estar sempre em festa por causa da algazarra e do cantar dos galos, quase em todos os momentos e por todos os cantos.
A alegria era infernal.
Mas os galos monopolizavam a Ilha, esquecendo-se de que não eram os únicos habitantes.
Havia pessoas que estavam contentes com os galos, por causa da sua alegria contagiosa. Portanto, achavam adequado e apoiavam o barulho feito pelas aves. Outros estavam indiferentes com a algazarra.
Existia, no entanto, um terceiro grupo, o mais numeroso, que achava impróprio o barulho feito pelos galos, encontrando-se, portanto, zangados com os galináceos. Não podendo aguentar por mais tempo tanto barulho, o terceiro grupo mandou, através de um mensageiro, o seguinte:
<< Aconselhamo-vos a emigrarem e a fixarem-se num local muito afastado de nós. Caso contrário, haverá guerra entre os nossos grupos no período de quarenta e oito horas. O vencedor ficará no terreno.>>
Os galos, como eram muito educados e delicados, optaram pela primeira hipótese, convocando imediatamente uma reunião cujo tema era a escolha do rei para chefiar a expedição que se iria processar imediatamente.
A escolha recaía sobre um galo preto, muito grande.
Depois dos preparativos, a emigração começou.
Deram voltas e mais voltas às ilhas e ilhéus, procurando incansavelmente um sítio bom, que reunisse todas as condições para ter uma vida alegre.
Depois de muito andarem e muito procurarem, passado um ano, encontraram o lugar ideal, que parecia criado de propósito para os galos, fixando-se então aí.
Desse tempo, jamais se ouviu os galos cantarem desordenadamente de norte a sul, de este a oeste, mas sim num lugar determinado e a horas certas.
Então, os habitantes das ilhas designaram esse lugar de Canta Galo.
Vale do Canta Galo |
*****
CONTO POPULAR DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE
O casal Sam Fali e Sum Fléflé viviam em um povoado distante em meio à floresta.
Um dia, Sum Fléflé foi caçar levando consigo o cãozinho Loló. Ao voltar para casa o pobre homem parava a todo o momento para descansar, pois a sua carga era por demais pesada.
Em uma dessas paradas, o cãozinho Loló ofereceu-se para levar a carga em seu lugar, contanto que ele não revelasse à sua mulher que ele era capaz de desempenhar essa actividade e nem que era capaz de falar. Sum Fleflé aceitou, prometendo nada revelar à Sam Fali.
Porém, a mulher desconfiou que algo tinha ocorrido e começou a perguntar ao marido quem tinha carregado a carga. Durante algum tempo o homem conseguiu guardar segredo, mas, ao ser ameaçado de abandono pela mulher, acabou por contar a verdade.
Ao ver que tinha sido traído por seu amo, Loló gemeu muitas vezes e, desde esse dia, nunca mais cão algum falou.
Um dia, Sum Fléflé foi caçar levando consigo o cãozinho Loló. Ao voltar para casa o pobre homem parava a todo o momento para descansar, pois a sua carga era por demais pesada.
Em uma dessas paradas, o cãozinho Loló ofereceu-se para levar a carga em seu lugar, contanto que ele não revelasse à sua mulher que ele era capaz de desempenhar essa actividade e nem que era capaz de falar. Sum Fleflé aceitou, prometendo nada revelar à Sam Fali.
Porém, a mulher desconfiou que algo tinha ocorrido e começou a perguntar ao marido quem tinha carregado a carga. Durante algum tempo o homem conseguiu guardar segredo, mas, ao ser ameaçado de abandono pela mulher, acabou por contar a verdade.
Ao ver que tinha sido traído por seu amo, Loló gemeu muitas vezes e, desde esse dia, nunca mais cão algum falou.